Assim é definida a dislexia pela IDA – The International Dyslexia Association, como sendo uma dificuldade específica de aprendizagem de origem neurobiológica.
Transtorno em um ou mais dos processos básicos que envolvem a compreensão oral e escrita da linguagem, caracteriza-se por dificuldades com o reconhecimento fluente de palavras e por habilidades deficientes de ortografia e decodificação.
Essas dificuldades, geralmente, resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem, que muitas vezes é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas e ao aprendizado efetivo em sala de aula.
Os problemas que podem ser observados na escola são explicitados em diferentes áreas: pensamento, fala, leitura, escrita, ortografia ou dificuldade em lidar com sinais matemáticos.
A dislexia afeta um em cada dez indivíduos, muitos dos quais permanecem sem diagnóstico e recebem pouca ou nenhuma intervenção.
Para alguns indivíduos que nunca foram diagnosticados, a dislexia é uma deficiência oculta que pode resultar em subemprego, dificuldade em se desenvolver em ambientes acadêmicos, dificuldade no trabalho e redução da autoconfiança.
Mesmo aqueles que foram diagnosticados, provavelmente, terão dificuldades com a leitura ou a escrita em alguns aspectos de suas vidas.
A dislexia é um distúrbio específico da leitura, porém não reflete baixa inteligência. Existem muitos indivíduos brilhantes e criativos com dislexia que nunca aprendem a ler, escrever e/ou soletrar em um nível consistente com sua capacidade intelectual.
Segundo a Asociación Andaluza de Dislexia, Asandis, é um dos maiores fatores de evasão escolar e o mais frequente entre as dificuldades de leitura e aprendizagem.
Indivíduos com dislexia compõem 80% dos diagnósticos de transtorno de aprendizagem, com prevalência em torno de 2 a 8% dos estudantes.
Há uma porcentagem maior entre os meninos, e é bastante comum que eles tenham histórico familiar, embora nem sempre esses parentes tenham sido diagnosticados.
Segundo o manual HandBook da IDA, os indivíduos com dislexia têm problemas com leitura, escrita, ortografia e/ou matemática, mesmo que tenham capacidade e tenham tido oportunidades de aprender.
Indivíduos com dislexia podem aprender, mas frequentemente precisam de instrução especializada de um professor para superar a dificuldade.
Muitas vezes, diz-se que esses indivíduos, que têm mentes talentosas e produtivas, têm uma diferença de aprendizado baseada no idioma.
A maioria das pessoas tem uma ou duas dessas características.
Isso não significa que todo mundo tem dislexia.
Uma pessoa com dislexia geralmente tem várias dessas características que persistem ao longo do tempo e interferem em seu aprendizado.
Abaixo, as características mais comuns às pessoas com dislexia.
Dificuldades com linguagem oral | Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagemFraco desenvolvimento da coordenação motoraDificuldade em pronunciar palavrasDificuldades com quebra-cabeçasDificuldade em adquirir vocabulário ou usar gramática apropriada à idadeDificuldade em seguir as instruçõesConfusão com antes/depois, direita/esquerda e assim por dianteDificuldade em aprender o alfabeto, rimas ou cançõesFalta de interesse por livros impressosDificuldade em entender conceitos Dificuldade com recuperação de palavras ou problemas de nomeação |
Dificuldades com a leitura | Dificuldade em aprender a lerDificuldade em identificar ou gerar palavras que rimam ou contar sílabas em palavras (consciência fonológica = percepção do tamanho e semelhança das palavras)Dificuldade em ouvir e manipular sons em palavras (consciência fonêmica)Dificuldade em distinguir sons diferentes em palavras Dificuldade em aprender os sons das letras (fonética)Dificuldade em lembrar nomes e formas de letras, ou nomear letras rapidamenteTroca as letras, principalmente quando elas possuem sons parecidos, como “f” e “v”, “b” e “p”, “d” e “t” Lê mal ou omite (pula) palavras curtas comunsTropeça em palavras mais longasMá compreensão de leitura durante a leitura oral ou silenciosa, muitas vezes porque as palavras não são lidas com precisãoLeitura oral lenta e trabalhosaDificuldade em copiar de livros ou da lousa |
Dificuldades com a linguagem escrita | Dificuldade em colocar as ideias no papelMuitos erros de ortografiaPode se sair bem em testes semanais de ortografia, mas pode ter erros de ortografia no dia a diaDificuldade de revisão |
Outros sintomas comuns que ocorrem com a dislexia | Dificuldade em identificar cores, objetos e letras rapidamente em uma sequência Memória fraca para listas, direções ou fatosPrecisa ver ou ouvir conceitos repetidas vezes para aprendê-losDistraído por estímulos visuais ou auditivosTrabalho escolar inconsistenteParentes podem ter problemas semelhantesDispersão na pré-escolaDificuldades para estudar sozinho |
De acordo com a IDA, a dislexia afeta 10% da população mundial.
A entidade calcula que haja mais de 700 milhões de pessoas disléxicas no mundo.
No caso do Brasil, estima-se que 4% da população tenha dislexia, o que representa mais de 8 milhões de pessoas.
Por se tratar de um transtorno genético, não há como fazer uma prevenção.
A saída é detectá-lo o mais precocemente possível para assegurar o aprendizado da criança e sua qualidade de vida.
O diagnóstico é feito por fonoaudiólogos, neurologistas e psicólogos, geralmente entre os 8 e 9 anos de idade.
No consultório, o especialista diferencia a dislexia de outros transtornos, como o TDAH – déficit de atenção e hiperatividade, além de descartar problemas de ordem emocional ou neurológicos que interferem na leitura e na escrita.
Para fechar o diagnóstico, são feitos testes de audição e visão, provas de fluência verbal e desempenho cognitivo, que permitem avaliar a extensão das dificuldades.
Apesar de a dislexia não ter cura, é possível levar uma vida normal se houver suporte especializado desde o início da pré-escola.
O tratamento com fonoaudiólogo e psicólogo permite criar estratégias para superar as dificuldades com as palavras e outras eventuais barreiras no dia a dia.
A terapia também é importante para esclarecer possíveis crises de autoestima.
Como a criatividade é um traço marcante entre os disléxicos, aconselha-se aos pais a estimular a criança a desenhar, pintar, tocar instrumentos musicais e praticar esportes.
Com o avanço da tecnologia, o desenvolvimento dos disléxicos ganhou bons aliados.
Vários softwares e até videogames exclusivos treinam as habilidades na leitura e escrita e audiobooks estimulam a associação do som das palavras às letras correspondentes.
Segundo a ABD, Associação Brasileira de Dislexia, é na escola que a dislexia, de fato, se revela.
Há disléxicos que manifestam suas dificuldades em outros ambientes e situações, mas nenhum deles se compara à escola, local onde a leitura e escrita são habilidades permanentemente utilizadas e, sobretudo, muito apreciadas.
Entretanto, a escola que conhecemos certamente não foi feita para o disléxico.
Objetivos, conteúdos, metodologias, organização, funcionamento e avaliação nada têm a ver com uma criança disléxica.
“Não é por acaso que muitos portadores de dislexia não sobrevivem à escola e são por ela preteridos. E os que conseguem resistir a ela e diplomar-se o fazem, astuciosa e corajosamente, por meio de artifícios, que lhes permitem driblar o tempo, os modelos, as exigências burocráticas, as cobranças dos professores, as humilhações sofridas e, principalmente, as notas. Neste cenário, o professor precisa estar muito atento, o acolhimento é essencial, deve estar aberto para lidar com as diferenças em sala de aula, e como Frederic Litto, da Escola do Futuro da USP aponta: “o professor deve ser um estimulador do prazer de aprender, um alquimista em fazer o aluno enxergar o contexto e o sentido e, um especialista em despertar a autoestima”.
Bem, a família e a escola têm um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem das crianças com dislexia, por meio do reconhecimento, da aceitação e diagnostico deste transtorno, pois quando não diagnosticado pode acarretar em uma série de problemas na educação destas crianças por não receberem uma atenção adequada.
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