Importância do Ensino de Empreendedorismo e Inovação na Educação Básica

A educação no Brasil, como nós a conhecemos, precisa mudar para se adaptar aos novos desafios do mundo em acelerada transformação.

Na era do conhecimento, pós-pandemia, a busca por inovação e ações empreendedoras transcendem as fronteiras das nações e, deve ter um novo impulso com a consolidação da tecnologia 5G nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), da qual o Brasil participa, mas ainda não é membro efetivo.

A nanotecnologia está na esteira dessas mudanças, passando pela indústria aeroespacial, na química onde as moléculas já estão sendo manipuladas em nível atômico, tornando os produtos mais eficazes.

Está na indústria têxtil com as roupas inteligentes que controlam os sinais vitais do indivíduo, que não precisam ser passadas e não mancham.

Passa pela biotecnologia com a produção de novos medicamentos e expansão da produção de alimentos no agronegócio.

Com o 5G os labnets, ou laboratórios em rede, estarão trabalhando nos quatro cantos do mundo, em tempo real.

A medicina está próxima de um salto tecnológico, tanto nas consultas quanto nos diagnósticos precisos, com o apoio da holografia e, em breve, com as cirurgias a distância onde paciente e médico poderão estar em locais distintos do planeta simultaneamente.

É neste cenário que entra a educação empreendedora para crianças e adolescentes.

Essa modalidade já está presente em vários países que compõem a OCDE, como na Coréia do Sul, Japão, Malásia, Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa.

Através de aulas imersivas, utilizando projetos, discussões no formato de brainstorm, são várias as habilidades e competências que podem estar sendo estimuladas nas crianças neste ambiente escolar.

A ideia é que, desde cedo, a criança aprenda a pensar fora da caixa, assimile e desenvolva o chamado espírito empreendedor, a mentalidade empreendedora e criadora (entrepreneur mindset) e, quando chegar à idade adulta, possa exercer estas habilidades que são indispensáveis para empreender e inovar. 

Não se pode falar em empreendedorismo sem falar em inovação, ambos os fenômenos estão correlacionados e formam uma simbiose, um depende do outro para coexistirem.    

Na concepção do Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o empreendedorismo, que pode inicia na educação infantil, tem como objetivo ser a base inicial para que as crianças fiquem aptas a resolver situações do dia a dia, partindo de uma visão de mundo mais ampla e de maneira proativa.

A ideia é que, com esse tipo de desenvolvimento e estímulo, os pequenos cresçam com uma cultura empreendedora e inovadora enraizadas em suas ações, trazendo mudanças importantes para si como pessoa e para a sociedade como um todo.

A escola é um excelente ambiente, com o apoio dos familiares, para trabalhar importantes habilidades, encorajando-as a identificar, construir e buscar a realização de seus sonhos. 

Para Kristina Curtin, colaboradora na Uncharted Learning Programs, parceira do Google Clouds for Startups, crianças que desenvolvem habilidades de pensamento crítico no início da vida podem ser menos propensas a seguir o status quo ou serem facilmente influenciadas pelas opiniões dos outros.

Crianças criticamente ponderadas constroem suas próprias visões e aprendem a confiar em sua capacidade de lidar com múltiplas situações e desafios com confiança.

O empreendedorismo incentiva a mentalidade de crescimento, uma crença na própria capacidade de ter sucesso ao cometer erros e aprender com eles.

Como resultado, suas habilidades não são fixas, mas maleáveis ​​por meio do esforço próprio.

Um empreendedor vê o fracasso como uma parte necessária de seu processo de aprendizagem.

Quando as crianças veem o fracasso não como um revés permanente, mas como uma oportunidade de crescimento, não há limite para o que elas podem realizar.

Crianças com mentalidade de crescimento (o chamado Growth Mindset) são menos propensas a desistir quando confrontadas com fracasso ou adversidade.

Em um mundo de incertezas, a capacidade (e vontade) de enfrentar os desafios de frente e buscar um caminho a seguir será uma abordagem vencedora. 

A famosa revista Forbes, em um artigo de J. Smith, descreve o espírito empreendedor como sendo uma mentalidade.

É uma atitude e abordagem de pensamento que busca ativamente a mudança, em vez de esperar para adaptar-se a ela.

É uma mentalidade que abraça questionamento crítico, inovação, serviço e melhoria contínua.

“Trata-se de ver o panorama geral e pensar como um proprietário” de um negócio, diz Michael Kerr, palestrante de negócios internacionais, autor e presidente da Humor at Work.

“É ser ágil, nunca descansar sobre os louros, livrar-se do manto da complacência e buscar novas oportunidades. Trata-se de se apropriar e se orgulhar de sua organização.” Article Leadership by Jacquelyn Smith – Forbes Magazine, 10/2013.

O relatório publicado em 2020, pelo Parlamento Europeu, para Youth Education & Entrepreneurship, informa que a economia da União Europeia está em constante evolução e faz um alerta.

A demanda por conhecimentos, habilidades e atitudes relevantes muda ao longo do tempo.

Para lidar com essas mudanças, as pessoas precisam estar capacitadas com um conjunto de competências-chave, incluindo alfabetização e competência digitais, pensamento crítico, criatividade e capacidade de trabalhar em equipe para construir carreiras sustentáveis ​​e tornar-se cidadãos ativos.

A educação e a formação desempenham um papel crucial para permitir que os jovens desenvolvam essas competências e, assim, proporcionem as condições para iniciar a vida adulta da melhor maneira possível. 

Este relatório, Directorate-General for Internal Policies, mostra a grande preocupação dos governos da zona do euro quanto à necessidade de manutenção da competitividade de seus membros diante de ameaças globais.

A meta estabelecida pelo parlamento, que congrega todos os países membros, é que a educação empreendedora (e inovadora), com início no Ensino Básico, seja uma prática em Políticas Públicas adotadas por todos os membros.

Assim, no médio e longo prazo, a Europa espera conseguir um diferencial competitivo em ralação ao resto do mundo. Report European Council Parliament – Youth Education &   Entrepreneurship -2020.

A mentalidade empreendedora combina várias habilidades diferentes que exigem um desenvolvimento cuidadoso para a realização bem-sucedida de uma ideia de negócio.

Por exemplo, um empreendedor deve ser capaz de equilibrar a compreensão de como os negócios funcionam – inclusive do ponto de vista financeiro e operacional – com um impulso para a inovação.

Empreendedorismo significa entender quando você tem uma brecha no mercado que nenhum outro player (fornecedor) está atendendo e ter o senso de negócios para saber como ir atrás dessa nova oportunidade no momento certo. Report Policy Department Structural And Cohesion Policies/European Parliament/2020.  

De acordo com Carlos Melles, presidente do Sebrae, muito além do viés econômico voltado para a possível abertura de um negócio no futuro, a Educação Empreendedora prepara os estudantes para a construção de um projeto de vida, bem como os capacita para o futuro do trabalho.

“Os alunos desenvolvem seu potencial criativo e inovador a partir de experiências significativas de aprendizagem que contribuem para um novo olhar sobre os desafios e são estimulados a transformar suas realidades”, explica. Sebrae – Carlos Melles – set/2022.

Fernando Dolabela, especialista em educação empreendedora e criador de um dos maiores programas de ensino de empreendedorismo do Brasil, adotado por cerca de 400 instituições do país, explica que não é possível ensinar empreendedorismo, mas é possível aprendê-lo através do contágio social.

“O papel do professor é transformar a sala de aula em um ambiente em que o aluno desenvolva os conhecimentos de que necessita para empreender: conceber o futuro que deseja e buscar meios para transformá-lo em realidade”, afirma.

“A definição que eu criei diz que o empreendedor é alguém que sonha, concebe o futuro, e busca transformá-lo em realidade, age para realizá-lo.” Revista Exame, 05.08.2022.

Em se tratando de crianças tudo é possível, pois elas possuem uma capacidade extraordinária de aprendizagem.

É claro que não se pode sobrecarregar o currículo atual, mas essa abordagem pode ser muito bem trabalhada como temas transversais, no Ensino Fundamental e Ensino Médio. 

O ideal não é aprender sobre o empreendedorismo, mas através dele.

Para isso, é necessário mudar a arquitetura da educação no Brasil para que a criança seja protagonista de seu aprendizado.

Daí nós chegamos às metodologias ativas, que consiste na educação através de projetos, discussões, onde o aluno tem um papel ativo na busca de soluções para os problemas (conhecida como em inglês, PBL ou Problem Based Learned). 

Levar o ensino de inovação e empreendedorismo para dentro da sala de aula é uma questão que precisa ser adotada com muita seriedade por parte das escolas, como alertou o relatório divulgado pelo parlamento europeu. 

Além das habilidades adquiridas pelos alunos, que poderão transformar as suas vidas pessoais, essa abordagem vai definir, no futuro, o nível de competitividade de uma nação.  

Ainda que essa prática esteja prevista na BNCC desde 2020, há um Projeto de Lei tramitando no congresso, PL 2.944/2021, que altera a LDB da Educação e insere inovação e empreendedorismo no currículo obrigatório a ser trabalhado em sala de aula.

O Brasil tem pressa e as escolas não precisam aguardar a regulamentação deste projeto.

Para quem deseja entender melhor o que são e como funcionam essas metodologias ativas, temos um post completo sobre o assunto aqui em nosso blog.

Essa é uma preocupação da nossa equipe, aqui do GALILEU, pois a educação faz parte do nosso dia a dia, é a razão da nossa existência.

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