Todo pai atencioso quer que seu filho seja feliz.
Embora o dinheiro não compre felicidade, sua capacidade de administrar o dinheiro pode impactar significativamente seu futuro e qualidade de vida.
Estudos provam que as pessoas com atitudes financeiras saudáveis geralmente têm autoconfiança mais acentuada, maiores oportunidades de vida, mais liberdade financeira para si e suas famílias, menos estresse e relacionamentos mais saudáveis com entes queridos.
O início da jornada de alfabetização financeira de uma pessoa é inegavelmente importante e crítico para seu sucesso no futuro.
Aprender os fundamentos básicos das proezas financeiras começa quando as crianças economizam mesadas, controlam compras impulsivas, ajudam a preparar a lista de supermercados com os pais, encontram maneiras de ganhar dinheiro com tarefas domésticas ou com barracas de limonada, etc.
Ter as habilidades e conhecimentos adequados sobre o que fazer com o dinheiro e como usá-lo com sabedoria, desde criança, é a chave para uma boa compreensão do universo financeiro para o futuro.
As competências financeiras estão se tornando cada vez mais importantes à medida que as economias se transformam.
A tecnologia melhorou a qualidade e a pontualidade do acesso a serviços financeiros, diversificados, em todo o mundo.
Para o CFI – Corporate Finance Institute, a alfabetização financeira é a “compreensão cognitiva dos componentes e habilidades financeiras, como orçamento, investimento, empréstimos, tributação e gerenciamento financeiro pessoal”.
Na escola, as crianças precisam conhecer a dimensão da economia doméstica e suas implicações no cotidiano das famílias, comunidade e no país. A deficiência de tais habilidades é definida como analfabetismo financeiro. Corporate Finance Institute for Education, Vancouver, Canada.
Para a Serasa Experian, Serviço de Informação e Análise de Crédito, com grande participação no mercado financeiro, a educação financeira tem como objetivo ajudar as pessoas a administrarem o seu dinheiro, valorizando o consumo consciente e até mesmo a prevenção de situações de fraude.
O assunto é importante principalmente diante do cenário complexo dos mercados financeiros e das mudanças demográficas, econômicas e políticas do país.
Com o conhecimento, é possível reduzir a inadimplência, melhorar a qualidade de vida e proporcionar a possibilidade de as famílias montarem seus planejamentos financeiros.
Com isso, paga-se menos taxas de juros desnecessárias e aumenta-se o poder de compra.
Segundo a OCDE, Organisation for Economic Co-operation and Development, 2014, no mais alto nível de políticas públicas globais, a juventude foi identificada como um dos alvos prioritários dos esforços governamentais na área da educação financeira para crianças.
A introdução de aulas de educação financeira nas escolas é um esforço contínuo.
Vários argumentos justificam essa atenção dada às crianças e jovens.
Primeiro, eles ainda estão desenvolvendo hábitos e, portanto, são mais maleáveis do que os adultos.
Em segundo lugar, os adultos de amanhã enfrentarão mercados financeiros cada vez mais sofisticados, difíceis de navegar sem o conjunto certo de habilidades.
Terceiro, do ponto de vista do custo-benefício, as populações em idade escolar são facilmente alcançadas por meio de escolas e organizações, o que reduz os custos e as dificuldades de implementação, além de aumentar as taxas de participação.
A alfabetização financeira é uma habilidade essencial da vida para participar da sociedade moderna.
As crianças estão crescendo em um mundo cada vez mais complexo, onde eventualmente, precisarão assumir o controle de seu próprio futuro financeiro. OCDE/2014.
Desde a crise financeira de 2008, praticamente todas as escolas nos Estados Unidos oferecem disciplinas de alfabetização financeira.
Na Europa, praticamente todos os países possuem educação financeira nas escolas.
Pesquisas mostram que os jovens adultos têm os níveis mais baixos de alfabetização financeira.
Desde cedo, as crianças precisam desenvolver as habilidades para ajudar a escolher, mais tarde, entre diferentes opções de carreira. OCDE/2014.
ScienceDirect Journal relata que, as evidências retratam os programas de educação financeira nas escolas como uma ferramenta política muito eficaz para aumentar o conhecimento financeiro entre crianças e jovens.
Os ganhos de aprendizagem medidos são impressionantes, especialmente quando comparados àqueles para melhorar o desempenho em matemática e linguagem na escola.
Embora as mudanças comportamentais sejam limitadas pela vida financeira ainda incipiente dos alunos, alguns impactos positivos modestos também são identificados em termos de poupança e comportamento de compra.
Além disso, um punhado de estudos promissores mostra que os cursos de finanças pessoais são capazes de aumentar o autocontrole e a paciência, que são características intrínsecas relacionadas ao comportamento financeiro saudável. The ScienceDirect Platform Journal/2020.
A preocupação com a falta de planejamento orçamentário das contas pessoais do brasileiro fez a BNCC, Base Nacional Comum Curricular, definir pela obrigatoriedade da educação financeira no currículo dos ensinos infantil e fundamental das escolas públicas e privadas do Brasil.
A disciplina entra no documento desses currículos como um tema contemporâneo transversal, compondo o currículo de matemática.
A BNCC é a responsável por definir os conteúdos necessários a serem desenvolvidos por todos os alunos da Educação Básica. Jornal da USP/nov-2020, Campus de Ribeirão Preto.
Estudioso da educação financeira nas escolas, o professor Cláudio de Souza Miranda, do Departamento Contábil da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, afirma que a falta de educação financeira para crianças constitui um problema cultural no País e que aguarda possível melhora desse cenário.
Contudo, para que os alunos consigam entender a importância desse assunto em sala de aula, ele deve abordar a realidade vivida pelas crianças e por suas famílias.
Segundo a pesquisadora Hudmaira Martins, que integra equipe da FEA-RP, liderada pelo professor Miranda, é preciso que seja mostrada a utilidade do controle das finanças na vida cotidiana. “Os efeitos dessas intervenções educacionais tendem a melhorar a forma como essas crianças irão lidar com o dinheiro e como irão tomar decisões financeiras, o que, consequentemente, acarretaria na diminuição do número de inadimplentes”, explica. Jornal da USP/nov-2020, Campus de Ribeirão Preto
A importância desse ensino para crianças e jovens está sempre em debate, porque o brasileiro, em geral, carece de uma vida econômica saudável.
O índice de famílias endividadas subiu no Brasil pelo terceiro mês seguido e, em setembro de 2022, chegou a 79,3%, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade destaca que o número cresceu, mas com menos fôlego.
Segundo o levantamento, o cartão de crédito é o maior vilão entre os brasileiros.
A modalidade de dívida representa mais de 85,6% das contas registradas. Logo em seguida aparecem os carnês, que correspondem a 19,4%.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurados mensalmente desde janeiro de 2010, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A OCDE recomenda que a educação financeira comece o mais cedo possível e seja ensinada nas escolas. Incluir a educação financeira como parte do currículo escolar é uma ferramenta política justa e eficiente.
A educação financeira é um processo de longo prazo, incorporá-lo nos currículos desde cedo permite que as crianças adquiram o conhecimento e as habilidades para construir um comportamento financeiro responsável ao longo da vida. Isso é especialmente importante, pois os pais podem não estar preparados para ensinar seus filhos sobre dinheiro.
Alfabetização Financeira pelo Mundo
A Dinamarca, junto com a Noruega e Suécia, passam dos 71% de alfabetização financeira. A disciplina é obrigatória para alunos do 7º ao 9º ano.
O Canadá e Israel chegam a 68% o índice de alfabetização financeira.
O Reino Unido chega a 67%, enquanto que a Alemanha e Holanda têm 66%, Austrália com 64%, Finlandia tem 63% e os Estados Unidos está com 57% dos jovens alfabetizados financeiramente. GoBanking Rates, Ca, apr/2022.
Quanto mais cedo a criança for introduzida ao ensino e alfabetização, mais resiliente e mais protegida do estresse financeiro ela provavelmente estará.
Ter inteligência financeira é algo que servirá a seus filhos ao longo de suas vidas e ajudará a prepará-los para um futuro brilhante, como adultos financeiramente responsáveis.