A construção dos combinados na sala de aula é uma prática pedagógica que visa estabelecer um ambiente de respeito, colaboração e responsabilidade mútua entre alunos e professores.
Esses combinados são regras ou acordos, coletivamente, criados e aceitos por todos os membros da sala, orientando o comportamento e as interações no espaço educacional. A importância dessa prática para a aprendizagem efetiva é amplamente discutida por diversos estudiosos da área da educação.
Neste artigo, enfatiza-se como os combinados podem promover um ambiente propício ao desenvolvimento acadêmico e pessoal dos alunos.
A construção dos combinados é fundamental para a criação de um ambiente de aprendizagem positivo e estruturado.
Segundo César Coll, um dos principais teóricos da psicologia educacional, os combinados ajudam a estabelecer uma atmosfera de respeito mútuo, essencial para o processo educativo.
Coll argumenta que a participação ativa dos alunos na criação dessas regras aumenta o senso de pertencimento e responsabilidade, fatores decisivos para a motivação e engajamento dos estudantes. Em seu livro “Psicologia y currículum” (1987), Coll discute como os combinados podem facilitar um clima escolar positivo e promover a autorregulação dos alunos
John Dewey, um dos mais influentes filósofos e educadores americanos, destacou a importância da experiência e do envolvimento ativo dos alunos no processo educativo.
Em “Democracia e Educação” (1916), Dewey argumenta que a criação de combinados em sala de aula reflete princípios democráticos, onde todos os alunos têm voz e participam na construção de um ambiente de aprendizado colaborativo e respeitoso. Essa abordagem não só promove a responsabilidade individual, mas também a coletiva, essencial para a formação de cidadãos críticos e participativos.
O psicólogo bielo-russo Lev Semenovich Vygotsky, em sua teoria sociocultural, enfatiza o papel das interações sociais no desenvolvimento cognitivo.
Em “Pensamento e Linguagem”, (1934), Vygotsky alega que as regras e combinados construídos coletivamente funcionam como ferramentas mediadoras que ajudam os alunos a internalizar comportamentos sociais e acadêmicos desejáveis, facilitando a aprendizagem colaborativa.
Jean Piaget, conhecido por sua teoria do desenvolvimento cognitivo, ressalta a importância das experiências ativas na construção do conhecimento.
Em “A formação do símbolo na criança”, (1945), ele afirma que a criação de combinados permite aos alunos compreender e internalizar normas sociais e morais, promovendo o desenvolvimento da autonomia e do pensamento crítico.
Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas, argumenta que um ambiente de aprendizagem diversificado e inclusivo é essencial para atender às diversas formas de inteligência dos alunos.
Em “Estruturas da Mente” (1983), ele sugere que os combinados, ao promoverem um ambiente ordenado e respeitoso, facilitam a criação de estratégias de ensino que atendam às diferentes necessidades e estilos de aprendizagem dos alunos.
Conclusão
A construção dos combinados na sala de aula vai além da mera gestão comportamental, é uma prática pedagógica essencial para promover um ambiente de aprendizagem seguro, colaborativo e respeitoso. A participação ativa dos alunos na criação dessas regras aumenta o senso de pertencimento e responsabilidade, fatores essenciais para a motivação e o engajamento. As contribuições dos autores reforçam a importância dos combinados para o desenvolvimento cognitivo, social e moral dos alunos, tornando-os agentes ativos no seu próprio processo de aprendizagem. Dessa forma, os combinados não apenas facilitam a gestão da sala de aula, mas também contribuem consideravelmente para uma educação mais inclusiva e eficaz.
Maurilio Jarduli é colunista do Blog GALILEU, atuou como Conselheiro Pedagógico por 15 anos, e é pós-graduado em Gestão Estratégica/Governança Corporativa – USP.
Referências
COLL, C. Psicologia y currículum: una aproximación psicopedagógica a la elaboración del currículum escolar. 8. ed. Barcelona: Laia, 1987.
DEWEY, J. Democracia e educação: uma introdução à filosofia da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
GARDNER, H. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.