Educação Integral para Crianças e Jovens

A BNCC, Base Nacional Comum Curricular, diz que “a sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado”.

Neste novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações.

Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades. BNCC/2018.

Contextualizando, a BNCC afirma, explicitamente, a sua preocupação com a educação integral.

Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva.

Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades.

Além disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades.

Assim, independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir.

Segundo a educadora Georgia Corrêa, mestre em Educação pela PUC-SP, o conceito e os principais objetivos da Educação Integral estão bem relacionados.

A Educação Integral tem como objetivo desenvolver todos os aspectos humanos, sendo eles: físico, emocional, intelectual e o expressivo, com a intenção de formar um ser humano mais equilibrado e com toda a sua potencialidade e capacidade desenvolvidas.

Em uma análise sobre as dez competências referenciadas na BNCC, Georgia ressalta que, a Educação Integral e o tempo integral colaboram muito com o desenvolvimento das Competências Gerais.

É claro que por si só a Educação Integral já olha para isso como ponto de partida para o desenvolvimento dos processos cognitivos com base nas competências geradas por habilidades.

Desse modo, você parte de um olhar mais amplo do ser humano, em que ele traz diversos aspectos do saber, no sentido de sua visão integral. Ou seja, levando em consideração o físico, o emocional, o intelectual e as relações dele como um todo.

Ao mesmo tempo em que, para esse desenvolvimento integral do ser humano, desses diferentes aspectos, é preciso partir de conhecimentos mais simples.

Eles podem ser no dia a dia, na resolução de problemas e de conceitos que se unem para se constituírem e formarem uma competência.

Na BNCC as Competências Gerais são um norte para tal trajetória.

Assim, se você se lembrar das 10 Competências Gerais a fim de organizar a sua rotina para o desenvolvimento das diferentes áreas do conhecimento, trazendo então as habilidades, é um caminho proposto.

“É claro que, quando eu falo das Competências Gerais, eu estou me referindo a uma Educação Integral. Porque, nas Competências Gerais, a gente tem diferentes aspectos para serem desenvolvidos pelo ser humano. Dessa forma, eu trago o conhecimento das competências como o repertório cultural, o pensamento científico, crítico e criativo”, afirma Georgia em entrevista para Plataforma CER-Sebrae de Estudos, Pesquisas e Educação Empreendedora.

São aspectos que precisam de relações.

Pois eles vão além do trabalho intelectual, trazendo também o autoconhecimento, a empatia, o autocuidado, a cooperação, o olhar para as suas responsabilidades enquanto cidadão e o pensamento de um trabalho de projeto de vida.

As Competências Gerais são o caminho para o desenvolvimento de uma Educação Integral. Se tiver um tempo maior para esse desenvolvimento, é possível trabalhar muitos projetos interdisciplinares. “Então, valendo-se desses projetos, podem ser desenvolvidas todas as competências daquilo que vai sendo proposto”, diz.

Considerando o papel dos professores e educadores, na escola, para que se chegue à realização dessas competências, é preciso trabalhar as habilidades. Georgia acredita num tempo tranquilo para a realização de um bom trabalho pedagógico.

A Educação se constitui, dentro do ambiente escolar, por todos que constituem a escola, isso inclui desde as pessoas da limpeza, da secretaria, da parte da cantina, até professores, assistentes, professores especialistas.

Dessa forma, todos que trabalham dentro do ambiente escolar devem ser considerados educadores.

Eles trazem um diferente olhar para essa relação com o estudante.

Apesar de trabalharmos muito pela fala e pela orientação dada pelos professores, esse ambiente escolar no qual o estudante vive, é um ambiente educativo e ele traz uma vida e a sociedade sobre o que acontece fora dos muros da escola, de uma forma micro.

Pode-se dizer que existem muitos aspectos, não só o intelectual; então todos estão envolvidos nesse processo.

Mas é claro que os professores dentro da sala de aula precisam trazer as diferentes percepções do ser humano.

Hoje, a gente fala muito sobre as Soft Skills ou habilidades socioemocionais, tão importantes para o futuro, para o trabalho e também para as relações necessárias que serão estabelecidas.

Os estudantes vão utilizá-las quando se tornarem adultos ou jovens aprendizes, dentro do processo de desenvolvimento da sua profissionalização e também no dia a dia com a sociedade.

Tudo isso precisa estar inserido nos estudos e também na mente dos professores dentro da sala de aula.

Não só o conteúdo frio deve estar presente, mas esses outros conteúdos importantes para nossas crianças e jovens terem um futuro melhor.

É bom trazer também a cultura digital, que hoje é uma realidade importante e que também aparece nas Competências Gerais da BNCC.

O autoconhecimento e o autocuidado, a empatia e a cooperação são coisas que precisam aparecer dentro da sala de aula e do ambiente escolar, seja na prática, seja na teoria. 

Acredita-se que o maior desafio para a Educação Integral no Brasil e no mundo é a compreensão de que hoje não é suficiente o desenvolvimento intelectual, da memória ou a fixação de conteúdo e conhecimentos sem compreensão.

Durante muito tempo, isso foi valorizado como a única forma de inteligência.

Mas é apenas um aspecto, uma vez que o ser humano é muito mais do que isso.

Ter uma fixação de uma série de ideias registradas de outras pessoas na cabeça não necessariamente faz uma pessoa feliz e que consiga buscar os seus desejos de vida.

Hoje está ficando cada vez mais claro e evidente que a informação sobre qualquer coisa não é algo mais complexo, pois um computador é capaz de realizar. “É preciso aprender a fazer escolhas, que estão além de um sistema de ensino.  É preciso ter sensibilidade, ser criativo e ter uma percepção do todo para se fazer e chegar a determinadas escolhas e descobertas. Isso é algo que o computador não pode fazer.”

A informação está aí e se pudermos tê-la registrada na mente é bom, mas tem algo que está além disso, e isso que nos faz seres humanos.

Assim, acredita-se que, durante um bom tempo, não existia essa clareza de que precisávamos encontrar algo além dessas informações.

O desafio agora é ensinar os estudantes – crianças e adolescentes – a saber como chegar à resposta daquilo que eles querem saber.

Então é o ‘aprender a aprender’.

Mas é preciso desenvolver as Competências, que vão desde a responsabilidade com o planejamento, a compreensão do outro, o cuidado consigo mesmo, o reconhecimento das capacidades e outros.

Isso é o que ambiciona a Educação Integral. Mas, ao mesmo tempo, esse “aprender a aprender” é uma construção que tem um caminho árduo e difícil.

Isso porque não se pode deixar todo o desenvolvimento intelectual para conseguir fazer todas essas escolhas. Georgia Corrêa – CER/Sebrae/2021

Então não é um em detrimento do outro, mas uma somatória e isso precisa estar claro.

Ninguém vai deixar de saber sobre os conhecimentos adquiridos ao longo da história, porém, é preciso entender que isso é só uma base de dados e que a gente precisa ir além.

Isto não é fácil, visto que é preciso ter uma boa formação de educadores, em que eles tenham o seu trabalho reconhecido para que possam se dedicar a todos esses conhecimentos. 

É evidente que a Educação Integral fará com que educadores, estudantes e demais atores das instituições tenham de estar prontos para enfrentar os desafios.

Mas todo o esforço trará recompensas satisfatórias para o futuro dos nossos jovens e também da Educação.

É preciso que as escolas comecem a dar os primeiros passos, entendendo o seu contexto e buscando formas viáveis de implementar a Educação Integral.

A primeira etapa da jornada é o conhecimento.

Então, fica a leitura de um artigo que vai aumentar ainda mais o entendimento sobre o assunto.

O texto apresenta cinco autores fundamentais para que todos entendam a importância do desenvolvimento de todos os aspectos humanos.

Jacques Delors defende que, a Educação Integral e as competências socioemocionais aparecem como um caminho fundamental a ser trilhado para a construção da autonomia do aluno.

Compreender e discutir a Educação Integral exige uma reflexão sobre os desafios do nosso tempo: qual será a melhor maneira para prepararmos crianças e adolescentes para viver e conviver neste mundo super conectado? 

Com uma dinâmica intensa e veloz, atualizações tecnológicas a cada dia, ampliação no volume e circulação de informações em níveis crescentes, além de efeitos complexos nas relações humanas, seja consigo mesmo, com os outros ou com a sociedade, o mundo atual exige uma educação capaz de formar pessoas que aprendam a transitar em cenários novos e desafiadores. Report Delors, Jacques-Unesco/2019

A escola representa um meio, um lugar central para a maior parte das aprendizagens.

Viver, conviver e estar sintonizado com os desdobramentos das inovações diárias é algo que pede uma formação que ajude os estudantes a selecionar e usar informações, pensar criticamente, ter integridade e agilidade na tomada de decisões, atuar de forma colaborativa, entre outros. 

Demanda, assim, competências e habilidades que precisam ser intencionalmente desenvolvidas.

Assim, a educação integral se torna uma estratégia insuperável para assegurar às novas gerações o direito de desenvolver ao máximo seus potenciais para ser, conhecer, conviver e produzir no mundo em acelerada mutação. 

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