A indisciplina na sala de aula é um problema complexo que afeta não apenas o processo de ensino e aprendizagem, mas também o ambiente escolar como um todo.
Como mencionado por William Glasser, “O controle não é algo que você faz com alguém, é algo que você ajuda alguém a aprender para si mesmo”.
A falta de disciplina pode manifestar-se de várias formas, desde comportamentos disruptivos até à recusa em participar nas atividades propostas pelo professor.
Este fenômeno não só prejudica o desempenho acadêmico dos alunos, mas também compromete o bem-estar dos professores e o clima escolar.
Um dos principais desafios enfrentados pelos educadores é lidar com a diversidade de comportamentos e personalidades dos alunos.
Conforme observado por Paulo Freire, “Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!”.
Em salas de aula cada vez mais heterogêneas, é comum encontrar estudantes com diferentes níveis de motivação, habilidades sociais, experiências e histórico de vida. Essa diversidade pode tornar a tarefa de manter a ordem e o foco na sala de aula ainda mais desafiadora.
A falta de disciplina pode ter origem em diversos fatores, tanto internos quanto externos à escola.
Como destacado por Albert Bandura, autor da Teoria da Aprendizagem Social Cognitiva – (TAS) e Terapia Comportamental Cognitiva – TCC, “As pessoas não nascem com autoestima; em vez disso, é um processo gradual de adquirir autoestima à medida que adquirem habilidades e competências e as aplicam com sucesso”.
Problemas familiares, como falta de apoio dos pais, conflitos domésticos e negligência emocional, muitas vezes refletem-se no comportamento dos alunos em sala de aula.
Além disso, questões sociais, como desigualdade econômica, violência na comunidade e falta de perspectivas de futuro, podem contribuir para atitudes desafiadoras por parte dos estudantes.
Além dos fatores individuais que influenciam a indisciplina na sala de aula, é crucial reconhecer o impacto significativo que o ambiente escolar exerce sobre esse fenômeno.
Conforme enfatizado por John Dewey, “A educação não é preparação para a vida; a educação é a própria vida”.
Escolas que enfrentam desafios estruturais, como instalações físicas precárias, salas superlotadas ou insuficientemente equipadas, e a falta de recursos educacionais adequados, muitas vezes se deparam com um ambiente propício à ocorrência de comportamentos disruptivos.
Além disso, a cultura escolar desempenha um papel fundamental na promoção da disciplina.
Em ambientes onde não há uma cultura estabelecida de respeito mútuo, colaboração e responsabilidade compartilhada, os alunos podem sentir-se desvinculados dos valores fundamentais da comunidade escolar.
A ausência de um ambiente que valorize esses princípios essenciais pode alimentar comportamentos inadequados.
Portanto, é imperativo que as escolas não apenas reconheçam a importância do ambiente físico e cultural no combate à indisciplina, mas também invistam ativamente em melhorias estruturais e na promoção de uma cultura escolar positiva e inclusiva.
Como salientado por Maria Montessori, “O importante é despertar no aluno o interesse pela vida, de modo a comportar-se com clareza e valentia em face das responsabilidades da vida.” Essas medidas não só ajudarão a prevenir a ocorrência de comportamentos indisciplinados, mas também criarão um ambiente propício ao crescimento acadêmico, social e emocional de todos os alunos.
Yves de La Taille, psicólogo e professor da USP, tem uma visão interessante sobre a indisciplina na sala de aula. Para ele, a indisciplina não é simplesmente um comportamento isolado do aluno, mas é influenciada por diversos fatores, tanto internos quanto externos.
Ele enfatiza que a escola é um espaço de convivência social, onde diferentes valores, crenças e comportamentos se encontram.
A indisciplina surge quando há um desajuste entre as expectativas do ambiente escolar e as habilidades sociais e emocionais dos alunos para lidar com essas expectativas.
De acordo com La Taille, a indisciplina muitas vezes reflete uma falha no processo educativo, especialmente na formação das habilidades socioemocionais dos alunos.
Ele defende a importância de uma abordagem educacional que não apenas ensine conteúdos acadêmicos, mas também promova o desenvolvimento integral dos estudantes, incluindo habilidades como autocontrole, empatia, resolução de conflitos e comunicação eficaz.
Além disso, La Taille destaca a importância do diálogo e da construção de relações de confiança entre professores e alunos. Ele acredita que um ambiente escolar baseado no respeito mútuo e na colaboração pode reduzir significativamente a ocorrência de comportamentos indisciplinados.
É fundamental que escolas e educadores adotem estratégias eficazes para lidar com a indisciplina na sala de aula.
O estabelecimento de regras claras e consistentes, aliado a uma comunicação aberta e respeitosa entre professores e alunos, pode contribuir significativamente para a promoção de um ambiente escolar mais harmonioso.
Além disso, programas de intervenção precoce, que identifiquem e abordem as causas subjacentes dos comportamentos problemáticos, são essenciais para prevenir a escalada da indisciplina.
É importante ressaltar que a responsabilidade de combater a indisciplina não recai apenas sobre os ombros dos professores. Pais e responsáveis desempenham um papel fundamental na promoção de valores e comportamentos positivos em seus filhos.
O envolvimento da família no processo educativo, por meio de parcerias com a escola e apoio emocional aos estudantes, pode contribuir significativamente para a prevenção e redução da indisciplina.
Conclusão
A indisciplina na sala de aula é um problema complexo que requer uma abordagem abrangente e a colaboração de todos os envolvidos no processo educativo.
Ao reconhecer e abordar tanto os fatores internos quanto externos que contribuem para a indisciplina, é possível criar um ambiente escolar mais propício ao aprendizado e ao desenvolvimento integral dos alunos.
A escola, como um espaço de convivência social, tem o papel decisivo de promover valores como respeito, colaboração e responsabilidade, além de propiciar um ambiente físico e cultural adequado para o aprendizado.
A implementação de estratégias educacionais que vão além do ensino de conteúdos acadêmicos, focando no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, é fundamental.
A promoção do diálogo e da construção de relações de confiança entre professores e alunos, aliada à identificação e tratamento precoce das causas subjacentes dos comportamentos problemáticos, são estratégias eficazes para prevenir e reduzir a indisciplina.
A responsabilidade de combater a indisciplina não se limita aos educadores. A participação ativa dos pais e responsáveis, através do apoio emocional e da colaboração com a escola, é essencial para criar um ambiente familiar que valorize a educação e promova comportamentos positivos.
Maurilio Jarduli é colunista do Blog GALILEU, atuou como Conselheiro Pedagógico por 15 anos, e é pós-graduado em Gestão Estratégica/Governança Corporativa – USP.