As Telas e o Perigo da Alta Miopia
O nosso objetivo sempre foi, e continuará sendo, contribuir com a melhoria do processo de ensino e aprendizagem nas escolas parceiras.
A nossa intenção aqui é trazer à tona temas interessantes que possam reforçar as discussões e servir de reflexão para melhoria das práticas em sala de aula.
O problema da alta exposição às telas, por crianças e adolescentes, já é conhecido há tempo na comunidade pediátrica e de muitos especialistas ligados às academias e associações de pediatria do Brasil e do Mundo.
Porém, com a pandemia do novo coronavírus todos estes problemas se acentuaram e a necessidade de se conectar tornaram as famílias, em especial as crianças, reféns da tecnologia, pois o mundo passou do off-line para o on-line da noite para o dia.
O que era algo eventual para uma criança, passou a fazer parte de uma rotina diária, desgastante, com horas e horas em frente às telas, principalmente as crianças do Ensino Fundamental, dos 6 aos 14 anos.
Nós fizemos uma longa abordagem sobre essa problemática das telas e postamos aqui em nosso blog, no entanto o foco da questão foi o impacto negativo que elas causam ao desenvolvimento da aprendizagem das crianças.
A constatação que tivemos, infelizmente, é que, o excesso de exposição às telas não se restringe à aprendizagem apenas, interfere na saúde da visão, podendo ter graves consequências.
Para a médica e oftalmopediatra Dra. Adriana Fecarotta, da Otto Clínica Oftalmológica, de Ourinhos/SP, o excesso de exposição às telas, também está levando ao aumento significativo de Miopia.
De acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que metade da população mundial será míope em 2050.
A OMS recomenda que as crianças não sejam expostas às telas antes de 1 ano de idade e no máximo 60 minutos até aos 4 anos.
A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou um manual de orientação (#menostelas #maissaúde) e acrescentou que, adolescentes entre 11 e 18 anos não devem ficar mais de 3 horas por dia e nunca deveriam “virar a noite” no celular, tablet ou computador.
Lembrando que, deve-se evitar ao máximo ficar nas telas com as luzes apagadas, isso também aumenta a progressão da miopia.
Além do controle no uso de telas de perto, é importante aumentar as atividades ao ar livre (2 horas/dia).
As crianças com risco de miopia são aquelas que apresentam baixa hipermetropia na infância e antecedentes familiares.
O que temos observado, na prática, é que os filhos de míopes estão ficando com grau bem maior que o dos pais.
Hoje em dia 5 graus de miopia já é considerada alta miopia.
O período de maior progressão para miopia ou aumento dela é entre 8 e 12 anos de idade.
A oftalmopediatra cita um exemplo muito recente, o caso do paciente Miguel** de 11 anos, que tinha 1,5 graus de miopia no início de 2020, em fevereiro de 2021 evoluiu para 3 graus e em março de 2022 a miopia chegou a 5 graus.
Muito provável que o Miguel seja um caso típico de miopia que foi agravado devido ao excesso de exposição às telas durante o período de pandemia.
Segundo ela, este foi o segundo caso em 2 meses, o anterior, o Gabriel, com 10 anos, teve a miopia que evoluiu rapidamente para 3 graus.
Para ambos foi recomendado a utilização de óculos com lentes especiais que ajudam a interromper o avanço da doença.
Dra. Adriana alerta que é muito importante controlar esse aumento, pois a alta miopia traz diversas complicações como: descolamento e/ou degeneração da retina, glaucoma, entre outras patologias.
Ela recomenda visitar periodicamente um médico oftalmopediatra para um controle rigoroso da evolução da doença.
No caso das crianças que são míopes, é muito importante que os pais observem como a doença tem evoluído, principalmente nos dois últimos anos, considerando a idade crítica que vai dos 8 aos 12 anos.
O tratamento oftalmológico para evitar ou reduzir a progressão rápida da miopia em crianças é:
- até 5 anos: controle ambiental – com redução máxima das telas de perto e aumentar as atividades ao ar livre
- entre 5-8 anos: controle ambiental + uso de colírio atropina em baixa concentração
- maiores de 8 anos: controle ambiental + uso de colírio atropina em baixa concentração ou óculos defocus ou lentes de contato com defocus ou Orto-K (ortoceratologia)
A utilização de lentes Orto-k, também conhecida por CRT, terapia refrativa da córnea, é um procedimento não cirúrgico onde são usadas uma série de lentes de contato rígidas, especialmente projetadas para remodelar gradualmente a curvatura da córnea, a superfície externa frontal do olho.
As lentes pressionam a córnea para achatá-la. Isso muda a forma como a luz que entra no olho é focada. Você usa as lentes de contato por períodos limitados, como durante a noite, e depois as remove pela manhã.
Segundo a Dra. Adriana, para conter o avanço da miopia, faz-se necessário o uso de óculos, lentes de contato, colírio atropina em baixa concentração e óculos defocus.
Esses óculos defocus devem ser usados por pacientes que fazem uso contínuo dos óculos e que apresentaram progressão de mais de 1 dioptria (grau) ao ano.
Para reduzir o cansaço visual e mitigar os efeitos nocivos das telas, Dra. Adriana receita uma técnica recomendada pela Academia Americana de Oftalmologia, ou seja: 20-20-20.
Uso de telas por 20 minutos, olhar longe além de 20 pés (6 metros) e contar 20 segundos antes de voltar a olhar para a tela.
Esse tempo é suficiente para relaxar os músculos oculares que ficaram contraídos no esforço visual para perto, na acomodação e convergência dos olhos.
O uso excessivo de celulares e computadores aumenta o risco de estrabismo convergente em crianças e jovens.
Os olhos ficam desalinhados para longe porque os músculos não se relaxam após esforço de contração aumentada para perto.
A diplopia, ou visão dupla, é percebida inicialmente só para longe e se não tratado, o estrabismo piora e será necessária a cirurgia, alerta Dra. Adriana Fecarotta.
É bom lembrar que, ao ficar em telas, os olhos piscam 3x menos, daí a sensação de olhos secos e ardendo, embaçamento, olhos doloridos, cansaço aos esforços visuais, visão dupla e vermelhidão.
Para quem deseja mais informações, basta entrar em contato com a Otto Clínica Oftalmológica, telefone (14) 3335-9144.
** As informações do paciente citado foram previamente permitida pelos pais e responsáveis, ocultando informações sensíveis.