A avaliação formativa, como um farol a guiar o processo de ensino-aprendizagem, desempenha um papel importante na jornada educacional.
Ela transcende a mera mensuração do conhecimento adquirido, servindo como um instrumento dinâmico para acompanhar o progresso individual dos alunos e aprimorar as práticas docentes.
Nesse contexto, a autoavaliação e a coavaliação emergem como ferramentas valiosas para a construção de uma aprendizagem autônoma, colaborativa e significativa.
Autoavaliação
A autoavaliação, como um espelho reflexivo, permite que o aluno se torne o protagonista de sua própria aprendizagem. Através da análise crítica de seu desempenho, ele identifica seus pontos fortes e fracos, reconhece áreas que precisam de mais atenção e assume a responsabilidade por seu progresso.
Autores que iluminam o caminho da autoavaliação:
Michael Scriven (1991): considerado o “pai” da avaliação formativa, defende a autoavaliação como um processo essencial para o desenvolvimento da metacognição, a capacidade do aluno de “pensar sobre o seu próprio pensar”.
Dylan Wiliam (2011), destaca a importância do feedback formativo na autoavaliação, enfatizando que este deve ser específico, focado no aprendizado, construtivo e oportuno.
Carol Ann Tomlinson (2001), propõe a utilização da autoavaliação para identificar as necessidades individuais dos alunos e adaptar o ensino de acordo, promovendo a diferenciação pedagógica.
Coavaliação
A coavaliação, como um diálogo entre pares, abre espaço para a construção de uma aprendizagem colaborativa. Através da troca de feedback entre os alunos, eles desenvolvem a capacidade de avaliar o desempenho uns dos outros, identificar pontos fortes e áreas de melhoria, e aprender uns com os outros.
A coavaliação vai além da mera avaliação, tecendo uma teia de benefícios que transformam a experiência de aprendizagem:
- Aprimoramento da Compreensão: ao avaliar o trabalho dos colegas, os alunos revisitam conceitos e aprofundam sua compreensão, identificando diferentes perspectivas e interpretações.
- Desenvolvimento da Metacognição: a coavaliação estimula a metacognição, pois os alunos aprendem a refletir sobre seus próprios processos de aprendizagem, identificando pontos fortes e áreas que precisam de mais atenção.
- Feedback Construtivo: na troca de feedback, os alunos aprendem a formular críticas construtivas e a receber sugestões com maturidade, desenvolvendo um senso de comunidade e respeito mútuo.
- Autonomia e Responsabilidade: a coavaliação promove a autonomia dos alunos, tornando-os agentes ativos em seu próprio processo de aprendizagem. Eles assumem a responsabilidade pelo seu progresso e pelo aprendizado dos outros.
- Comunicação Eficaz e Trabalho em Equipe: A Coavaliação exige comunicação clara, colaboração e respeito pelas diferentes perspectivas. Os alunos desenvolvem habilidades interpessoais essenciais para o sucesso na vida
Autores que impulsionam a Coavaliação:
Robert Stake (1968), propõe a coavaliação como uma forma de promover a participação ativa dos alunos no processo de avaliação, contribuindo para um ambiente de aprendizagem mais democrático.
John Allan Clinton Hattie (2009), demonstra, em suas pesquisas, o impacto positivo da coavaliação no desempenho dos alunos, evidenciando seu potencial para aprimorar a aprendizagem.
Heidi Gardner (2011), enfatiza a importância do feedback descritivo na coavaliação, ressaltando seu papel na promoção da aprendizagem autorregulada.
Como implementar autoavaliação e coavaliação em sala de aula
- Atividades de autoavaliação:
Questionários: elabore questionários com perguntas abertas e fechadas sobre o conteúdo abordado, o processo de aprendizagem e as dificuldades enfrentadas.
Diários de aprendizagem: incentive os alunos a escreverem em diários sobre suas experiências de aprendizagem, reflexões e metas.
Escalas de autoavaliação: forneça aos alunos escalas com níveis de desempenho para que eles avaliem seu progresso em diferentes habilidades.
- Atividades de coavaliação:
Dinâmicas de feedback: Crie dinâmicas em que os alunos fornecem feedback uns aos outros sobre trabalhos, apresentações ou atividades em grupo.
Observação mútua: Organize atividades em que os alunos observem uns aos outros durante a realização de tarefas e forneçam feedback construtivo.
Portfólios compartilhados: Incentive os alunos a compartilharem seus portfólios com colegas para que recebam feedback e comentários
Conclusão
A autoavaliação e a Coavaliação, como pilares da avaliação formativa, transcendem a mera avaliação do conhecimento e se configuram como ferramentas poderosas para a construção de uma aprendizagem autônoma, colaborativa e significativa.
Ao integrarmos essas práticas em nossas salas de aula, estaremos abrindo caminho para que os alunos se tornem protagonistas de sua própria jornada educacional, construindo conhecimentos sólidos e relevantes para suas vidas.
Maurilio Jarduli é colunista do Blog GALILEU, atuou como Conselheiro Pedagógico por 15 anos, e é pós-graduado em Gestão Estratégica/Governança Corporativa – USP.
Referências:
Gardner, H. (2011). A new era of feedback. Phi Delta Kappan, 92(7), 57-61.
Hattie, J. (2009). Visible learning: A synthesis of over 800 meta-analyses relating achievement to instructional interventions. Routledge.
Scriven, M. (1991). Evaluation practice. Sage Publications.
Stake, R. E. (1968). The countenance of educational evaluation. Educational Testing Service.
Tomlinson, C. A. (2001). How to differentiate instruction in mixed ability classrooms. ASCD.
Tomlinson, C. A., & others. (2011). Assessment for learning: Knowing, doing, and improving the 21st century classroom. ASCD.
Wiliam, D. (2011). Feedback that makes a difference. Educational Leadership, 68(5), 18-24.